COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS
REFERÊNCIAS:
AZEVEDO, Benedita. Coesão e coerência. Set, 2007 (mimeo).
CEIA, Carlos . Dicionário de termos literários. 2005. Disponível em: <http://www2.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/ C/coerencia_coesao.htm>. Acesso em: ago.2009.
KOCH, Ingedore, TRAVAGLIA, Luís. C. Texto e Coerência. São Paulo: Cortez, 1989.
KOCH, Ingedore. A Coesão Textual. São Paulo: Contexto, 1989.
As noções de coesão e coerência costumam ser abordadas pelo campo da linguística como fatores que garantem a textualidade – aquilo que diferencia um texto de uma mera sequência de palavras.
A distinção entre os dois conceitos não é unânime na área – há um intenso debate sobre as inter-relações que conectam esses dois termos, havendo inclusive quem defenda se tratar de um só fator da textualidade.
No entanto, todos os estudiosos concordam com o fato de que a coesão e a coerência costumam aparecer juntas, garantindo aquilo que costumamos definir como “um bom texto”.
- O conceito de coerência refere-se ao nexo entre os elementos argumentativos ou narrativos de um texto. Trata-se do princípio de inteligibilidade, aquilo que garante a compreensão da mensagem.
- A coerência está ligada ao sentido decorrente da organização das ideias.
“A falta de coerência em um texto é facilmente deduzida por um falante de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre as proposições de um enunciado oral ou escrito” (CEIA, 2005).
A coerência “diz respeito à ordenação das ideias e dos argumentos. A coerência depende da coesão. Um texto com problemas de coesão terá, provavelmente, problemas de coerência” (AZEVEDO, 2007).
O conceito de coesão se refere à consistência na associação dos elementos que estruturam o texto. Trata-se da
“correta ligação entre os elementos de um texto, que ocorre no interior das frases, entre as próprias frases e entre os vários parágrafos. Pode-se dizer que um texto é coeso quando os conectivos (conjunções, pronomes relativos) e também a preposição são empregados corretamente” (AZEVEDO, 2007).
O uso adequado dos elementos estruturais formadores de um texto (verbal ou não) garantem a coesão textual.
Os aspectos relativos à coesão textual, como a concordância e o emprego dos conectivos, por exemplo, interferem na coerência de uma mensagem. Azevedo apresenta alguns exemplos:
Uso da preposição:
“A ditadura achatou os salários dos professores e tirou matérias importantes no desenvolvimento do jovem”.
- Ficaria melhor se fosse utilizada a preposição para: [...] importantes para o desenvolvimento do jovem.
Uso da conjunção:
“Controlar o país, para muitos governantes, é dar a impressão de que existe democracia. Portanto, se o povo participa, é imediatamente reprimido”.
- A ideia que se quer expressar é de oposição e não de conclusão. O melhor seria usar conjunções adversativas (no entanto, mas, porém etc.).
Para Carlos Ceia, pode-se conseguir a coesão textual mediante quatro procedimentos gramaticais elementares:
1) Substituição: quando uma palavra ou expressão substitui outras anteriores. Ex.: Rui foi ao cinema. Ele não gostou do filme.
2) Reiteração: quando se repetem formas no texto. Ex.: “E um beijo?! E um beijo do seu filhinho?!» - Quando dará beijos o meu menino?!”(Fialho de Almeida)
Obs.: a reiteração pode ser lexical (“E um beijo”) ou semântica (“filhinho”/”menino”).
3) Conjunção: quando uma palavra, expressão ou oração se relaciona com outras antecedentes por meio de conectores gramaticais. Ex.: O cão da Teresa desapareceu. A partir daí, ela nunca mais se sentiu segura.
4) Concordância: quando se obtém uma sequência gramaticalmente lógica, em que todos os elementos concordam entre si (tempos e modos verbais correlacionados; regências verbais corretas, gênero gramatical corretamente atribuído, coordenação e subordinação entre orações).
Exemplos:
Cheguei, vi e venci.
Primeiro vou lavar os dentes e depois vou para a cama.
Espero que o teste corra bem.
Esperava que o teste tivesse corrido bem.
Estava muito cansado, porque trabalhei até tarde.